Tratamento de Tumores Benignos
O tratamento de tumores malignos na cavidade oral é um dos maiores desafios enfrentados pela odontologia e medicina, devido à complexidade do diagnóstico, à agressividade das lesões e ao impacto funcional, estético e emocional para o paciente Essas neoplasias, caracterizadas pela capacidade de crescimento rápido, invasão dos tecidos adjacentes e possibilidade de disseminação para outras regiões do corpo, exigem uma abordagem terapêutica multidisciplinar, que envolve diagnóstico precoce, planejamento rigoroso e tratamento eficaz para aumentar as chances de cura e melhorar a qualidade de vida
Inicialmente, realiza-se anamnese minuciosa para identificar fatores de risco como tabagismo, álcool, exposição solar prolongada (em especial para tumores labiais), infecção por HPV, histórico familiar de câncer e outras doenças sistêmicas que impactam o surgimento da lesão Durante o exame clínico, o profissional deve observar minuciosamente a cavidade oral em busca de lesões suspeitas, que frequentemente se apresentam como úlceras persistentes, placas esbranquiçadas (leucoplasias) ou avermelhadas (eritroplasias), áreas endurecidas, nódulos ou massas irregulares, e que podem apresentar sangramento espontâneo ou dor intensa A palpação permite avaliar se a lesão está fixada aos tecidos profundos e verificar a presença de linfonodos cervicais aumentados, indicando possível metástase
Os exames de imagem são indispensáveis para mapear o tamanho do tumor e seu relacionamento com tecidos vizinhos Radiografias panorâmicas identificam lesões ósseas; tomografia e ressonância fornecem imagens 3D essenciais para o planejamento cirúrgico O uso da tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) é indicado para avaliação precisa da área óssea Em casos avançados, PET-CT é empregado para detectar metástases distantes
A confirmação diagnóstica baseia-se na biópsia incisional, que coleta amostra para avaliação histopatológica O laudo descrição celular, grau de malignidade, invasão perineural/vascular e aspectos prognósticos são detalhados no relatório
O tratamento dos tumores malignos orais frequentemente é multimodal A cirurgia representa a base, com remoção ampla do tumor e margens seguras para reduzir recidiva Dependendo da localização e tamanho, a cirurgia pode variar desde remoções parciais da mucosa e dos tecidos moles até ressecções segmentares da mandíbula ou maxila, com retirada de linfonodos cervicais afetados A reconstrução é necessária para restaurar função e estética, empregando enxertos, retalhos microcirúrgicos ou próteses
A radioterapia é um tratamento complementar amplamente utilizado, podendo ser administrada antes da cirurgia para reduzir o volume tumoral, ou após a ressecção para eliminar células residuais, diminuindo o risco de recidiva Apesar de eficaz, provoca efeitos adversos locais como mucosite, boca seca e cicatrização dificultada, necessitando manejo adequado
Em determinados casos, a quimioterapia, junto à radioterapia, é indicada para casos avançados ou metastáticos Pode ter caráter antes da cirurgia, após o tratamento ou para controle sintomático, conforme o caso Novas terapias com terapias-alvo e imunoterapia estão sendo incorporadas em protocolos específicos, ampliando possibilidades
O êxito terapêutico resulta da atuação integrada de uma equipe multidisciplinar que inclui cirurgiões bucomaxilofaciais, oncologistas, radioterapeutas, patologistas, radiologistas, nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos e fisioterapeutas Essa abordagem integrada visa não só erradicar o tumor, mas também preservar e reabilitar as funções orais e a qualidade de vida do paciente, enfrentando os desafios físicos e emocionais impostos pela doença e seus tratamentos
O manejo do pós-operatório exige cuidados específicos O controle da dor, prevenção de infecções e suporte nutricional são pilares para uma recuperação eficaz Pacientes submetidos à radioterapia precisam de atenção redobrada por causa da sensibilidade dos tecidos, maior risco de osteorradionecrose e cicatrização comprometida A reabilitação fonoaudiológica é indispensável para o restabelecimento da fala e função deglutitória, enquanto a fisioterapia auxilia na reabilitação da mobilidade e força dos músculos faciais
Além do suporte físico, o apoio psicológico é essencial para auxiliar o paciente a enfrentar alterações na autoimagem, ansiedade, depressão e limitações causadas pelo tratamento O acompanhamento contínuo, com consultas regulares, é necessário para avaliar a cicatrização, identificar recidivas e manejar sequelas a longo prazo
A prevenção dos tumores malignos orais constitui uma parte crucial das ações de saúde pública Campanhas educativas que alertam sobre fatores de risco — como tabagismo, consumo de álcool, exposição solar e infecção por HPV —, estimulem o autoexame e consultas odontológicas periódicas, promovendo a identificação precoce de lesões O diagnóstico precoce garante melhores prognósticos, possibilitando tratamentos menos agressivos e maior possibilidade de cura
Além disso, a capacitação dos profissionais de saúde para reconhecer sinais precoces de malignidade e realizar encaminhamentos rápidos contribui para a melhoria dos índices de sobrevida e qualidade de vida dos pacientes
O tratamento de tumores malignos na cavidade oral requer conciliar a erradicação tumoral com a manutenção da função e estética A complexidade do manejo sublinha a relevância da constante atualização em técnicas cirúrgicas, protocolos e suporte integrado A personalização do tratamento, adaptando-se às condições clínicas e preferências individuais, enfatiza o cuidado humanizado na oncologia bucal
Em síntese, enfrentar tumores malignos orais requer habilidade técnica, empatia e colaboração multidisciplinar, buscando sobrevivência e reinserção social com qualidade de vida A odontologia, integrada à medicina, desempenha papel fundamental nessa luta, desde a prevenção até a reabilitação plena